O Ataque Preventivo II. Ou: caçada ao outubro vermelho.

Segunda-Feira, último dia 3, Marcelo Freixo foi debater no auditório da Universidade Veiga de Almeida a convite de professoras de Assistência Social. Pretensamente não era um evento de campanha. Pretensamente.

Não nego que pessoalmente o candidato se apresenta bem. É articulado o suficiente para aturar, sem muxoxos, a inanição intelectual de grande parte do seu eleitorado que meu amigo Lucas Farias tão bem alcunhou de Freixetes. Um deles, burguês rematado, trajado com um casaco de marca cujo preço pode chegar a singela bagatela de R$ 500,00, pediu a palavra e, numa articulação lulista das palavras falou mal dos..... burgueses. Até outubro é o que terei de aturar.

Logo no início do debate enviei uma questão para Freixo, transcrita por femininas mãos. A questão indagava como ele conseguiria governar o município sem contar com a maioria na Câmara dos Vereadores. Ele lotearia cargos aos partidos fisiológicos que tanto diz desprezar?

A pergunta chegou a ele. Notei de cara que o papel verde, de um verde bem chamativo, foi lido e rechaçado. A idéia de Freixo, a priori , era não entrar no tema, que é seu Calcanhar de Aquiles. Debate vai, debate vem, após ser indagado oralmente por outrem que assistia ao debate – Freixo estava tornando o encontro numa admoestação aos especuladores imobiliários – veio a resposta àquela que seria a minha questão. E  com ela Freixo deu com os burros na água.

O charme que seduz professoras e aterroriza o Legislativo.

Disse ele que insuflará as associações de moradores, não só as de comunidades carentes, mas as dos bairros também, a pressionar os vereadores. Em suma foi o que disse. Na visão dele repetida diversas vezes ao longo do encontro, “a comunidade não é ouvida”, “a comunidade precisa ser ouvida”.

Já falei antes que o professor de história, que é candidato, se equivoca no que não poderia se equivocar. Há a estultice de querer comandar a tal Primavera Carioca. Há a estultice de querer brigar com o legislativo. Alguém precisa explicar para os membros do PSOL (Deputado Fraga no balaio!), que embora eles desgostem da democracia, que embora nossa democracia seja pra lá de torta, isto aqui é uma. E numa democracia republicana como a nossa, os cidadãos escolhem via eleição quem os representará.  

Querer brigar com outro poder republicano é tolice e infrutífero. Querer jogar a população contra o legislativo é desrespeito a Constituição e as instituições, que um futuro prefeito não deveria se julgar no direito. Forte e unida a Câmara de Vereadores engolirá o prefeito e seu anacronismo, que é talhado na escola já ultrapassada de Paulo Freire, de quem parece Freixo é seguidor e fã. O jeito novo de fazer política do queridinho dos artistas é, portanto, só o jeito velho e caminho mais curto para a paralisia municipal.

Travestidos de bons moços, bem arrumadinhos e seguindo passo a passo as dicas de Glorinha Kalil – o núcleo duro Freixete a trata como agente repressora do capitalismo selvagem das passarelas –  a franja vermelha carioca para não ser apeada na bazofia que é Babá, apresenta Marcelo Freixo.

Eu só queria poder comer um peixe frito em paz na beira da praia. Entra setembro e sua real primavera e o sol não me contempla. Vejo-me aqui, sozinho, caçando e caçado, tentando evitar que a maré vermelha em outubro afaste os peixes da costa onde pesco. Quem fecha com Freixo, cedo ou tarde ainda fechará a Baia de Guanabara. Quiçá a Guanabara inteira.

 

Babá: o exemplo mais bem acabado do retrocesso que é o PSOL.